terça-feira, 10 de maio de 2011

São Félix do Paraguassú, Cidade Presépio, Monumento Nacional

História
Suas terras, inicialmente ocupadas por comunidades indígenas do tronco tupi, foram desbravadas por Mém de Sá, a partir de 1621, sendo chamada de “Sesmaria do Aporá”. Mas foram muito difíceis as primeiras tentativas de colonização, diante da resistência dos indígenas e da presença de piratas, dentre eles franceses e holandeses. Somente na segunda metade do século XVII, com o desenvolvimento do Porto de Cachoeira, a colônia portuguesa conseguiu avançar por estas terras, combatendo fortemente os nativos. São Félix fazia parte da Freguesia de Nossa Senhora do Rosário do Porto de Cachoeira.

São Félix foi, inicialmente, um terminal tropeiro, de onde partiam as estradas para as Minas Gerais. A produção de telhas e tijolos, a criação de gado e cavalos, e o cultivo de gêneros de primeira necessidade, como farinha de mandioca, milho e feijão, movimentavam a economia local. Em 1822, os sanfelistas, como todo o povo do Recôncavo, participaram intensamente das lutas pela independência. Em 1830, São Félix passou a fazer parte da Freguesia de Nossa Senhora do Desterro de Outeiro Redondo.

No dia 19 de fevereiro de 1832, eclodiu em São Félix a primeira revolução federalista do Brasil, a “Sabinada”, quando vários patriotas reuniram-se na Praça do Progresso (atual Praça Inácio Tosta) e seguiram, liderados pelo Juiz de Paz, Bernanrdo Guanaes Mineiro, para o Convento do Carmo de Cachoeira, reunindo-se com a Câmara Municipal daquela cidade para proclamar a “Federação da Província da Bahia”.

A partir da segunda metade do século XIX, a vila passou a abrigar grandes depósitos e armazéns de fumo para o ciclo de exportação de charutos que se iniciava. Duas grandes fábricas de charuto se instalaram em suas terras: Fragrância (1851) e Costa Pena (1853). Em 15 de dezembro de 1857, para a alegria dos habitantes da próspera vila, formou-se, finalmente, a “Freguesia do Senhor Deus Menino e São Félix de Cantalício”.

Com o passar dos anos mais quatro grandes fábricas de charutos se instalaram na cidade: Juventude (1870), Dannemann (1873), Utilidade (1883) e Stenden (1890). São Félix também exportava madeira, trigo, algodão e café, e abastecia a metrópole com carvão, pedras, sabão, cereais, verduras, legumes, cortes e outros derivados de bovinos, suínos e aves.

Anúncio da década de 1950.
Em 20 de dezembro de 1889, São Félix foi elevada à categoria de vila,  quando seu povo pediu ao grande industrial Geraldo Dannemann para interceder por esta causa diante do governador da Bahia, Dr. Manoel Vitorino Pereira. Em 1º de fevereiro de 1890, o próprio Dannemann tornou-se o primeiro intendente da vila que no mesmo ano, em 25 de outubro, foi elevada à categoria de “Cidade de São Félix do Paraguassú”.

Durante quase todo o século XX São Félix administrou o funcionamento da Usina Hidrelétrica de Bananeira, que ficava no Rio Paraguassú, até ela ser desativada com a construção da grande Usina Hidroelétrica de Paulo Afonso e inundada pela Represa de Pedra do Cavalo, construída em 1985 para conter as águas do Paraguassú, que durante as cheias arrasavam as cidades de Cachoeira e São Félix.

Toda essa história está preservada em suas ruas e casarões, nos centros de cultura e nas festas locais que revelam aspectos preciosos da memória cultural de brancos, negros e índios.

O Centro Histórico da cidade foi tombado pelo IPHAN, como parte do patrimônio histórico e artístico brasileiro, em 2010.

Principais pontos turísticos:

  1. Cais do Paraguaçu.
Foto: Ana Góis, 2011.
  1. Matriz do Senhor Deus Menino – século XIX.
  1. Igreja do Senhor São Félix – século XIX.
  1. Igreja de N. S. do Desterro Outeiro Redondo – construção iniciada em 1838.
  1. Estação Ferroviária – construída em 1881.
Foto: Ana Góis, 2006.
Foto: Ana Góis, 2008.

6.    Ponte D. Pedro II – O próprio imperador, D. Pedro II, foi responsável pela construção da ponte que liga as cidades de Cachoeira e São Félix. Após uma excursão que realizou entre várias cidades do Recôncavo, D. Pedro II promoveu muitas melhorias urbanas. A ponte que leva seu nome é uma dessas obras e a de maior complexidade. Estava sendo construída na Inglaterra para ser implantada num ponto do Rio Nilo, mas D. Pedro conseguiu redirecionar o projeto para sua implantação na nação tupiniquim. As obras para aplicação da estrutura metálica sobre o Paraguassú, começaram em 1883 e foram concluídas em 1885. A ponte mede 365 metros de comprimento e 91,5 metros de largura. Foi tombada pelo IPAC em 05 de novembro de 2002.

  1. Paço Municipal – construído na segunda metade do século XIX (início em 1890).
Foto: Ana Góis, 2006.

  1. Arquivo Público Municipal Dr. Júlio Ramos de Almeida – com exposições de fotografias, documento e objetos antigos.
Foto: Ana Góis, 2006.
Foto: Ana Góis, 2006.
Foto: Ana Góis, 2006.

Foto: Ana Góis, 2006.

  1. Mercado Municipal – construído em 1902.
Foto: Ana Góis, 2006.

10.   Chalé dos Guinlé – construído em 1906. Nele residiu o engenheiro Américo Furtado Simas, depois serviu de sede para a empresa Guinle & Cia, que explorava a energia elétrica da barragem de Bananeiras.

11.   Museu Fazenda Santa Bárbara – pertence à Fundação Hansen-Bahia a sede da Fazenda com ateliê onde o artista passou os últimos anos de sua vida, com a esposa. A casa preserva a suíte do casal, conforme a deixaram, além da pequena biblioteca, da sala de visitas e do belo ateliê do artista decorado com motivos náuticos e onde se pode ver suas ultimas e incompletas obras. Vale a pena conhecer o espaço muito bonito e com uma bela vista.



12.   Centro Cultural Dannemann – criado na década de 70 do século XX. O centro mantém uma fina produção de charuto que pode ser visitada pelo público além da exposição que conta a história das indústrias Dannemann no Recôncavo e exposições de arte contemporânea nos corredores que rodeiam o pátio que homenageia o poeta Castro Alves. O Centro promove a Bienal do Recôncavo e o concurso de filarmônicas que movimentam culturalmente a região no segundo semestre do ano. Os visitantes podem confeccionar charutos e participar do projeto de reflorestamento mantido pela Fundação. É um excelente programa.

Foto: Ana Góis, 2006.


13.   Casa de Cultura Américo Simas – criada em 1984, oferece cursos profissionalizantes para a população e funciona num dos prédios da antiga Fábrica de Charutos Dannemann.

Principais pontos turísticos da zona rural:

1.    Vila de Quilombo – remanescente quilombola.

2.    Casa da Cajá – Capivari.

3.    Escadinha – Engenhoca.

4.    Cachoeirinha – Capivari.

5.    Ilha de Mata Onça.

6.    Engenho de N. S. da Natividade do Capivari – Sinunga.
7.    Engenho de Matataúba – Campinhos, Santo Antônio.

8.    Engenho de Monte Alegre – Esconço, Subaúna.


Principais Datas Comemorativas:

  1. Semana Santa – Encenação da Paixão de Cristo pelas ruas da Cidade Presépio – abril.

  1. Festas Juninas e das lutas pela independência – no dia 24 de junho a cabocla é levada para Cachoeira.

  1. Independência da Bahia – 2 de julho.

  1. Festa do Cavalo – de 25 a 27 de julho.

  1. Festa do padroeiro Senhor São Félix e aniversário da Filarmônica União Sanfelista – 07 de setembro.

  1. Aniversário da Cidade – 25 de outubro.

  1. Bienal do Recôncavo – novembro.

  1. Festival de Filarmônicas do Recôncavo – novembro/dezembro.
Cultura Popular

1.    Terno de Barricão – durante esta feste uma barriga gigante, onde estão escritos nomes das pessoas que não conseguiram casamento, é carregada por homens. segurada por homens num cortejo, acompanhado pelo toque de instrumentos de sopro e percussão, que vai parando em frente às casas destes tristes solteiros.

2.    Terno de Mandú – pessoas usando fantasias criadas com lençóis, peneiras e cabos-de-vassouras, percorrem as ruas da cidade, dançando ao som de  um conjunto musical.

Referência Bibliográfica

SOUZA. Oséas Fernando O. Atividade econômica do município de São Félix, período de 1534-2005. Arquivo Público Municipal Dr. Júlio Ramos Almeida, 2005.

SOUZA. Oséas Fernando O. Histórico de São Félix. Prefeitura Municipal de São Félix: Secretaria Municipal de Educação e Cultura, 2005.


Um comentário:

  1. Senhora Ana Góes, sou natural de São Félix, tenho 85 anos, e sofri um AVC há 10 anos , e venho lutando para me recuperar. Comecei a desenhar aos 10 anos, e tenho um blog com mais de 1.800 desenhos
    (dilalemos.blogspot.com) se houver interesse em saber mais sobre essa cidade , o meu email é, dilaclemos@gmail.com

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